quarta-feira, 29 de outubro de 2008

dona ruth partiu
um derrame a levou
o neto surgiu
mas não veio sozinho
quer vir como casal
quer que eu me comporte
quer que eu ceda
o que ele não sabe,
é que ele tb partiu...
muito antes da dona ruth

terça-feira, 28 de outubro de 2008

me inventei
na saia
na cor
no lenço
me inventei
e não aconteceu
me inventei
e não existi

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

tempo e querer

tempo é rei
e nesse tempo que passou, muita coisa aconteceu...
dancei,
chorei
gozei
separei
reencontrei
cozinhei arroz doce com canela
li
assisti homem de ferro
andei
cansei
me angustiei
e constatei, mais uma vez, que não estou dentro de alguns padrões e isto me custa caro.
não quero romance de folhetim
não quero marido
não quero desatenção
não sei o que quero
nunca sei o que quero
mas o que não quero eu sempre sei

sábado, 11 de outubro de 2008

semana de

saudade...
foi tanta a saudade que subiu pra cabeça!
mas tb foi uma semana de tentar outro trampo (ainda pode rolar),
de me irritar no atual trabalho,
de tomar petit gateau,
de me irritar com a vivo
se cortar o cabelo
de ver o curso de corte e costura
de sonhar que pagaria todas as minhas contas
de sentir uma ovntade louca de beijar na boca
de assistir homem de ferro - FABULOSO
de matar saudade do meu amigo brasileiro que vive em moscou
de brincar de seduçao com um sedutor nato - nem me abalei
de constatar que estou cada vez mais afastada do rap
de constatar que posso vir a ser cotidiana e tributável.. só não serei fútil porque isto seria minha sentença de morte
mas tb foi uma semana de estar destrambelhada
de sonhar que veria pedro juan
de ganhar cuidados inesperados
de sonhar com os cuidados de quem está no outro continente...
de perceber que minha guarda está muito abaixada pra ele...
foi uma semana intensa...
e estou ansiosa por segunda-feira... quando ele volta e a vida pode tomar um rumo mais cotidiano, mais tributável, mais comum...
que isto não seja o meu fim!

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

moacir santos e djavan

sou eu...
linda...

Kamba - Moacir Santos

Moacir Santos
leveza e lirismo com têmpero brasileiro

domingo, 5 de outubro de 2008

angústia

tô bem angustiada...
com as novidades que estão chegando (menos)
com o que ainda não consegui mudar (mais)
hoje tive uma idéia absurda...
estudar mais.. fazer um curso muuito foda...
acho que já não tenho idade pra coisa...
mas, sei lá..
algo precisa mudar...
e eu sou agente desta mudança.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Cuidar da amizade

Eu sempre disse que amizade é uma plantinha.. precisa regar, de vez em quando.. precisa de água da chuva... adubo, sol..
uma velha amiga, a amiga mais nada a ver comigo, me diz que amizade é como uma árvore. Tem folhas que caem pra dar lugar a novas folhas.
Para mim, estas comparações não são antagônicas, elas são complementares.
Árvore, para ser árvore, um dia foi planta.
Árvore, pra crescer precisa de luz, calor e água.
E amizade?
precisa do quê?
Quais são os alimentos de uma amizade?
Quais são os alimentos do amor?
Amor é uma planta?
Relações são como plantas?
Nunca pensei sobre o amor e o bem-querer de maneira mais romântica...
Pensei na amizade, meu tesouro mais precioso.
Amizade precisa de Companheirismo e de Confiança. Ela nem sempre precisa de Cotidiano mas um pouco de cotidiano ajuda. Três Cs que, a meu ver, são cruciais para que a plantinha amizade se torne uma árvore.
A gente sempre conhece bem o amigo, né? A gente cuida dele, toma cuidado com as palavras, escolhe a maneira de dizer mas, geralmente, dizemos. Se tem que dar puxão de orelha, damos. Se temos que chorar, choramos. Se ele pede colo (às vezes nem pede), oferecemos.
Amigo a gente compartilha aquilo que não podemos compartilhar com mais ninguém; ou aquilo que só faz sentido compartilhar com ele.
Anos atrás, quando usávamos camiseta pólo 3 vezes maior do que nós, eu compartilhei meu amor platônico com você. Você foi a uma festa que ele tocou e nada ficou de especial. Como do meu amor platônico.
Quando você se separou, minha amizade com ele estava tão enraizada.. não era nenhuma paineira, de raízes profundas, nem uma árvore com uma sombra imensa.. mas era uma amizade com um tronco bem grosso, onde eu podia amarrar minha rede e desfrutar da pouca sombra que ela me oferece. Mas eu tenho consciência de que sou uma das pessoas que mais desfruta da maior sombra que ele pode criar pra uma amiga.
Daí você entrou nas nossas vidas.. se tornou parceira.. bolsinha pros flyers, amizades feitas na pista. Você passou a conhecer mais os músicos do que as músicas que eles criaram. Este repertório era novo pra você. As pessoas, não.
Neste meio tempo, minha árvore perdeu alguns troncos antigos e de sombra larga.
E o filósofo, dj nas horas vagas, juntou pontos que estavam ali mas ninguém tinha ligado ainda.
E veio o caos!
Um caos bom, cheio de bem-querer, de cuidado, de afeto... e de amizade.
Filmes chineses, Nicholas Tsé, Marina, Alain, aeroporto...
Daí veio a caixa de Pandora.
De dentro dela saiu a insegurança, a inveja, a mentira, a loucura, a morte, o ciúme...
E árvore passou a ter um pouco de cada um destes ingredientes.
A esperança ficou no fundo da caixa, que foi fechada por Pandora, quando percebeu que tinha feito uma burrada.
A minha esperança está onde?
Solta numa galáxia...
A nossa amizade não cresceu nos últimos meses.
Sofremos.
Chorei.
Doeu em nós duas.
E tudo o que tinha na caixa de Pandora caiu como fuligem nos frutos de nossa árvore.
Se lavar sai?
Se o vento bater, leva embora?
Esta foligem vai cobrir nossa árvore?
Nossa árvore deu um fruto importante. Um bem-querer sagrado, sacramentado em nossos corações.
Este bem-querer nasceu lindo, como o Nicholas Tsé que amamos.
Nasceu inocente como a chinesinha do outro filme.
Ele tava lá... com dedos se entrelaçando, com suspiros, com a memória do perfume, com mensagens repletas de afeto, de sensualidade, de respeito, sendo trocadas...
O tato era novo. O terreno era novo.
Passou um furacão e o terreno está revirado. Incerto.
Compatilhar passa por um outro aspecto: “quanto ou o que eu posso compartilhar sem que isto machuque o outro?”
Compartilhar passou a ser ideológico. Uma estratégia pra alimentar uma árvore e, de quebra, manter seu fruto.

“Mesmo com tantos motivos
pra deixar tudo como está
Nem desistir
nem tentar
Agora tanto faz...”

Tanto faz porque o bem-querer, o afeto está lá... sussurrado, pedindo pausa... mas não pedindo desistência.
A tesão está lá... reprimido, sufocado, ignorado.
A amizade está lá, perdida, solta na galáxia, sem luz e sem oxigênio. Com pouco calor.
Onde foram parar a confiança e as confidencias? Onde está o cotidiano? Ele existe nas intenções, não nas ações.

A intimidade já me fez perder uma árvore.
A falta de intimidade já me deu uma árvore.
Qual é a mais importante? A que tenho hoje ou a que me ensinou até chegar aqui?

E o que fazer com você?
Sucumbir a tua qualidade escorpiana de libido livre somada a minha qualidade ariana de fazer primeiro e pensar depois?
Esperar?
Esperar o quê?
Pelo quê?
Pelo vento que pode atingir nossa árvore e revirar nosso pequeno fruto na terra?
Pela fuligem que pode cobrir o fruto totalmente até ele ficar tão desfigurado que esqueceremos que este pequeno fruto existiu?

Não tenho resposta pra estas perguntas.
Estas respostas não são encontradas solitariamente.
Elas precisam de tempo, de luz e calor.
Precisam do tempo que passa
Precisam de tempo juntas
Pra restabelecer a confiança, a cumplicidade, pra transformar o tesão em algo mais nobre (se este é o objetivo).
Na minha amizade sem intimidade, nunca houve distanciamento. Nunca houve rompimento.
Houve um cuidado tão grande... uma verdade sempre dita (ainda que rasgada e regada à lágrimas)

Não sei como fazer, como agir.
Sinto uma desconfiança que nunca senti com relação a você. Como se você estivesse escondendo algo.. escondendo pra me proteger ou proteger a amizade.
Talvez você não esconda de mim. Talvez esconda de si mesma.
Não dá pra ter tudo na vida? Mas dá pra dar pro outro esperança de que ele terá o que almeja? Esperança de que a mudança virá.
Sinto que você quer mais tempo...
Um tempo que eu poderia dar.. mas sem os porquês, sem os três Cs, este tempo fica parecendo ingenuidade minha e inutilidade.

As coisas estão confusas... a luz não consegue atingir nossas folhas, o calor não vem aquecendo nossos troncos, o cotidiano não vem nos alimentando e nosso fruto está cada vez mais ferido, amassado...

As palavras que não podem ser ditas. O encontro que não pode acontecer. O sexo que não pode rolar ou não... há pressão por todos os lados.

O estado inicial não será restabelecido. O que saiu da caixa de Pandora nunca mais voltou pra dentro da caixa.
Nossa árvore tem loucura, mentira, insegurança...