domingo, 29 de junho de 2008

A caixa de pandora



Pandora..

filha de Zeus que quebrou a promessa de nunca abrir a caixa.

abriu e tudo mudou...

agora todos pagam pela curiosidade dela.

Eva, Pandora, a esposa do Barba Azul.. tantas foram as mulheres curiosas que pagaram caro por desrespeitar a única coisa que lhes haviam sido negada.

Mulher curiosa traz ao mundo a miséria, a loucura, a mentira, a guerra, a morte, a dor do parto...

Homem curioso que abre uma caixa traz o quê?

Espero um dia ter resposta pra isto.

O eremita


Um amigo me presenteou com esta carta...
o recolhimento...
tomara que o que venha depois seja muito bom.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

sensações

frio na barriga,
tremedeira quando falamos ao telefone,
calor quando nos abraçamos
desejo quando nos tocamos
tudo temperado com amizade e bem-querer
como se tivéssemos 12anos outra vez...

o medo de perder a companhia
o temor de tudo dar errado
o horror à distância...

tudo tão efêmero...
tudo tão real
tão sublime

já me sinto felizarda por sentir tudo isto, ainda que confuso, atropelado, com interferências...
mas acho que ficará tudo bem...

quinta-feira, 19 de junho de 2008

faça a coisa certa

fazer a coisa certa pra quem?
pra quem abriu a caixa de pandora e agora não segura a onda das descobertas?
ou pra quem está cheio de sede pra experimentar-se em novas sensações?
ou pra quem está cansado dos não-acontecimentos na vida?
ou pra aqueles a amizade custa caro?

fazer a coisa certa a troco de quê?
de não ter problemas no futuro?
de ser apontada como a que fez bem? ainda que o preço a ser pago fosse a distância de alguém que queremos muito?

não sei...
só tenho a voz, meu grilo falante, ecoando na minha cabeça: "tem que fazer a coisa certa, meu"

o preço, talvez, seja o de não me ligar a quem está preso.
Ela está presa a ele que é um homem preso.

Não preciso disto.
Que ela venha livre, disponível e sem a possibilidade de magoar ninguém, a não ser nós mesmas.

terça-feira, 10 de junho de 2008

Nostalgia

Vinte anos!
há 20 anos o jorge era meu professor de matemática.
Uma amiga querida - e geniosa, a Luciana - faria aniversário daqu um mês.
Em dias frios como os do outono paulistano, eu usava a blusa do Carlos - tão perfumada...
eu fazia bolo nega maluca com a Valéria e ouvia a Bandeirantes todas as manhãs e chorava quando ouvia Chaka Khan...
eu gostava de tudo isto...
mas queria mais do que isto...
queria amigos diferentes, ampliar o horizonte, falar outras línguas, viajar - ainda que não saísse do lugar.
Consegui tudo isto... olhando hoje, vejo que fui modesta nos meus sonhos..
mas estas pessoas todas, a Luciana, o Jorge, o Carlos, a Valéria.. tem mais! o Evando, os Ratos Norturnos, Marcos, Max, Claudio Aranha, Fabio, Adriana! algumas estão conectadas entre si.. outras, estão por aí...
eu sou uma das que mais se afastou.. não sei de ninguém...
escolhi um lugar no mundo do qual não tem volta..
voltar pra onde? pras relações convencionais, casamento, filhos, discussões sobre processos de rejuvenescimento (nem sei escrever a palavra!)
neste lugar não tem espaço pra este passado.. só na lembrança.. e tem tanta coisa que eu esqueci...
tanta gente que eu esqueci e não queria esquecer...
tanta gente que eu quero rever e não sei se será possível.

não sei.. deu uma nostalgia disto tudo... deste momento da vida, de quando meu maior problema era o vestibulinho, dos livros que eu lia, dos namorados que eu não queria, não me interessavam pra nada...

hoje estou mais linha-dura com alguns amigos... alguns, bem poucos... mas eles merecem! ficam recolhidos num recanto em si mesmo e não dão espaço então, não vou forçar espaço...

mas estas lembranças todas só puderam ser despertadas porque algúem, aliada da memória, despertou isto...
além deste poderoso aliado, desperta tantos outros sentimentos, tantos pensamentos e tantas sensações...
alguém que já ocupa um lugar especial na minha vida, no meu coração mas, provavelmente, assim como eu não soube dizer isto pro carlos 20 anos atrás, não vá dizer isto pra ela... não do jeito que merece ser dito e ouvido.

em 20 anos, acumulei muito e não aprendi tudo...
preciso de mais tempo aqui...
otimizar melhor isto tudo...
manter as pessoas na minha vida.. é meu mairo desejo.. sempre...

mas tem gente que vai, né?
algumas partidas são um alívio, outras profundamente doloridas mas, muitas outras, deixam este sentimento que povoa os corações latino-americanos.. "la nostalgía"

domingo, 8 de junho de 2008

Encontro de dois que falaram sobre a "cegueira"

Por Fernando Meirelles
Depois de uma semana que pareceu uma verdadeira montanha russa emocional, saí de Cannes no sábado e fui para Lisboa mostrar o filme “Ensaio sobre a Cegueira” para o autor da história, José Saramago. Por meses, antecipei o quanto a sessão me deixaria ansioso - e não estava errado.

Infelizmente, o cine São Jorge, que nos foi reservado, não tinha projeção digital, então foi improvisado um sistema para passarmos nossa fita. Pensei em desistir de mostrar o filme ao ver um teste da projeção, mas o escritor já estava na sala de espera e, em respeito ao compromisso, achei melhor ir em frente. Sentei-me ao seu lado, expliquei aos poucos amigos presentes que só havia legendas em francês e começamos a ver o filme. Sofri cada vez que uma imagem não aparecia ou que uma música mal soava. Ele assistiu ao filme todo mudo e sem reação nenhuma.

Ao final da sessão, quando os créditos começaram a subir, sua mulher, Pilar, debruçou-se sobre Saramago e me agradeceu, emocionada. Silêncio ao meu lado. Antes de terminar os créditos principais, as luzes do cinema foram acesas, eu ousei olhar para o lado e vi que ele fitava a tela sem reação, como se estivesse interessado no nome dos assistentes de cenografia que passavam.

Deu tudo errado, pensei. Toquei seu braço levemente e lhe falei que ele não precisava comentar nada naquele momento, mas, então, com uma voz embargada, ele me disse, pausadamente: “Fernando, eu me sinto tão feliz hoje, ao terminar de ver este filme, como quando acabei de escrever ‘O Ensaio sobre a Cegueira’”.

Apenas agradeci e ficamos ali quietos. Dois marmanjos segurando as próprias lágrimas em silêncio. Ele passou a mão nos olhos, disfarçando a sua.Pensei no meu pai. Emoção sólida, dessas que se pode cortar em fatias com uma faca. Num impulso, beijei sua testa. Na conversa e no jantar que se seguiram, ele disse que não considera o filme um espelho de seu trabalho e que nem poderia ser assim, pois cada pessoa tem uma sensibilidade diferente.

Disse ter gostado da experiência de ver algo que conhecia, mas que, ao mesmo tempo, não conhecia. Falou que o filme não era perfeito, mas que nunca havia assistido a um filme perfeito. Comentou algumas imagens que o emocionaram especialmente e disse ter achado o nosso Cão das Lágrimas muito doce; preferia que fosse mais agressivo. Quando lhe contei sobre as críticas favoráveis e contrárias ao filme em Cannes, incluindo a da Folha, ele imediatamente lembrou e recontou aquela historinha do velho que vem puxando um burro montado por uma criança.

Um passante vê aquilo e acha absurdo a criança estar montada enquanto um velho caminha, então eles invertem a posição. Outro passante cruza com o grupo e reclama da situação: “Como um adulto deixa uma criança a pé enquanto vai confortavelmente montado?” Então, os dois montam no burro, mas alguém acha aquilo uma crueldade com um animal tão pequeno. Finalmente, resolvem ambos carregar o burro nas costas, até que outro passante observa como são estúpidos por carregar o animal. E, enfim, o velho decide voltar para a primeira situação e parar de dar importância ao que dizem.

“É isso que faço sempre”, concluiu o escritor. Acabo de deixar José Saramago e sua mulher no Ministério da Cultura de Portugal, onde está sendo exibida uma retrospectiva de seu trabalho e sua vida. Houve uma pequena coletiva de imprensa ali, depois de visitarmos juntos a exposição. Meu filminho de menos de duas horas me pareceu muito insignificante ao ser colocado ao lado daquela obra de uma vida inteira.

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recebi pelo orkut, de algu[em muito especial que sabe que tenho apixão por este livro, Ensaio sobre a Cegueira...

sábado, 7 de junho de 2008

esparramada em lugar nenhum

Esparramada pelo mundo, ando recolhida...
recolhida de amores, de louvores, de amigos...
recolhida do vento, da água, do sol...
Oolhando pro tempo, sonho com uma porta especial.
uma porta leva ao salão das luzes... a outra, ao salão das trevas sem fim.
Na real é a mesma sala, apenas a fada dos djens não permite a luz entrar, se ela assim quiser.

As coisas mais simples do mundo são as mais difícies de alcançar.
Acreditar, amar, respeitar, se encantar, viver.

Me esparramo e não junto nada...
me esparramo e não saio da encruzilhada

não me junto e não saio do meu canto

dizer que não suporto esta situação é clichê e covardia.
As saídas estão todas na minha mão, nas minhas escolhas mas, por alguma razão desconhecida pra mim, até então, estou casada com a insegurança.

Esparramada por tudo e por nada não me arrisco, não ouso, não sonho muito.

Ao mesmo tempo, tudo é uma auto-contemplação, um momento tão ímpar...
mas mantenho alguns dos meus combinados: nada de auto-comiseração, nada de encontros vazios, nada de gente sugando meu pescoço.
onde isto vai dar?
não sei...
onde eu quiser que desemboque - eu sei..
difícil é escolher...

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Só Deus sabe







(Solo Diós Sabe) de Carlos Bolado. Com Alice Braga, Diego Luna, Claudette Maillé, Jaime Bernardo Ramos e José Maria Yazpik.


Um filme lindo, com cenas lindas em São Paulo, no México e em Salvador.
AliceBraga é uma atriz linda...
tem tanta água neste filme...
marcando o ciclo da feminilidade...

mais do mesmo...

só que diferente...