sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Respeito é pra quem tem

Baile rolando... pista lotada... gente linda... Corpos dançando juntos, se esbarrando o tempo todo mas não deixando de dançar em nenhum momento... a música tava maravilhosa! Erikah Badu!
Elas estavam lá... dançando... normal duas meninas dançarem juntas.
Elas já tinham dançado juntas em outras festas.
Mas ali tava diferente... ali era uma paquera. Depois da paquera o beijo.
Todo mundo fingia nem notar mas não tiravam a atenção delas.

Lindas, dançavam e se beijavam.

Daí se aproxima um moço, lindo, de dreads no cabelo. Encosta na caixa de som e apóia os braços abertos na caixa. Olha maliciosamente. Me olha e eu o reprovo com o olhar. Eu sabia o que ele queria. Escroto.

Ele joga o quadril pra cima delas e se esfrega... elas desviam e ele acompanha. Ele insiste. Elas giram. Ele se curva ainda mais. O pouco espaço não deixa escapatória pra elas.
A moça responsável pela paquera gira sua acompanhante, deixando-a de frente pro rapaz, evitando que ele se esfregue na moça – antes nela do que na garota dela...

Ele tenta um trio... tenta dançar em trio... sonho dos homens em ter duas na cama... mal sabem dar conta de uma!.. idiotas...

A paquerada, silenciosamente, se afasta... seu rabo de cavalo preso com o lenço laranja se perde na multidão. A outra fica. Ele insiste.

Fala na orelha dela. Tenta convencê-la a beijá-lo. Encosta a moça na caixa de som e ela se esquiva. Ele a prende com os braços e fala na orelha dela.

Eu tô confusa! Por que ela não mete um “não” na cara dele e sai andando? Será que ela quer ficar com ele?

Ela cruza os braços pra mantê-lo afastado. Está na defensiva mas se fazendo de forte.
Ela está sendo agredida porque beijou outra moça. Podia não beijar nenhum rapaz no baile – eles não se ofenderiam... mas beijar outra garota ofende todos os machos inseguros do lugar.

Ele segura o seio dela. Acaricia... ela sobe na ponta dos pés e recua ainda mais, quase entrando na caixa de som...

Mas ela não o agride... ela diz: “tem tanta mulher linda na festa querendo ficar com você.” Mas ele não queria outra. Queria aquelas duas... afinal, ele é irresistível.

Ele desiste e, no mesmo minuto passa a bola por seu amigo branco. Quem sabe ele teria mais sorte? Eles conversam entre si e trocam de lugar. Ela está acuada outra vez...

O rapaz quer discutir a sexualidade dela. Quer saber se ela é lésbica. Ele precisa da resposta. Se ela disser sim ele a respeita? Ele pára de agredi-la?

Não... não parou... com menos agressividade física do que o amigo de desrespeito, ele parte pra cima dela. Dele foi mais fácil se esquivar. Mas ela não sai dali. Não ia fugir. Ela não ia se deixar abater por aqueles dois fedelhos. Ficou lá até encontrar outra amiga e dançar sensualmente com ela... tão sensualmente quanto os outros pares na pista.

A noite passou... dançou-se muito, até mais de 6h da manhã. Ela e a amiga, com mais disposição, energia e respeito do que os dois agressores terminaram a noite na pista, juntas.

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